sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

uma mulher

como quem se prepara
para um encontro
com o nunca será
uma mulher
(que às vezes sou eu)
escreve

escreve para encobrir
os lamentos da falta inominável
escreve para se reerguer
dos tombos dos degraus da vida

a falta é um cálculo na carótida
e dos tombos só restam
as cicatrizes nos joelhos

dia desses uma mulher
(que às vezes sou eu)
iniciará o caminho avesso
de arrancar as páginas

é tudo uma questão de tempo

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