é outono e março
dói nos olhos como areia
sozinha com as minhas obsessões
uso palavras fortes
apalpo para dentro minha carnes
já não há lugar em mim
corpo sem volta
grita suas dores, algoz
ao menos já não sangra
nenhum filho me guarda
em seus sonhos
eu, um animal sedento
de atenção e companhia
espero alguém com quem
fazer um pacto de sangue
coleciono pedras de cristal
estados de transe
agendas criptografada, ironias
álbuns de figurinhas
escombros da torre de babel
e catálogos de cata-ventos artesanais
meu habitat natural
apenas pontos
de esquecimento e fuga
cá dentro, muito fundo
uma redoma de imagens
tão bela nas velhas fotografias
sempre, sempre promessa
que antes de cumprir acabou-se
ainda cesso essa inveja de mim
do tempo em que tampouco
soube me amar
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