era um tempo em que elas- as putas
desciam à Vila dos Açudes
nunca investigavam a natureza politica dos sêmens
que lavavam de suas entranhas
com água morna e sumo de limão
a miséria das carteiras dos vermelhos
ou a clamídia dos pênis dos azuis
eram recebidas com o mesmo êxtase lisonjeiro e fingido
indiferentes aos nossos insultos e afoitezas
na sala de espera nos olhávamos e trocávamos
impressões sobre as fartas carnes
das quatro mulheres no quarto
não havia lugar para disputas ideológicas
nossos vícios mercenários ficavam do lado de fora
tornava-se um lugar de trégua aquela casa
no tempo em que aquelas castas mulheres
as putas- desciam à Vila dos Açudes
NSL
26/04/16
terça-feira, 26 de abril de 2016
terça-feira, 12 de abril de 2016
sem raiz
diferente de tanta
óstia sagrada
ofertada por palhaços
poesia é
uma peixeira
que corta
de púbis a pomo
não precisa
ser um tomo
de 500 páginas
poesia afiada
corta com uma palavra
promessas
é outono e março
dói nos olhos como areia
sozinha com as minhas obsessões
uso palavras fortes
apalpo para dentro minha carnes
já não há lugar em mim
corpo sem volta
grita suas dores, algoz
ao menos já não sangra
nenhum filho me guarda
em seus sonhos
eu, um animal sedento
de atenção e companhia
espero alguém com quem
fazer um pacto de sangue
coleciono pedras de cristal
estados de transe
agendas criptografada, ironias
álbuns de figurinhas
escombros da torre de babel
e catálogos de cata-ventos artesanais
meu habitat natural
apenas pontos
de esquecimento e fuga
cá dentro, muito fundo
uma redoma de imagens
tão bela nas velhas fotografias
sempre, sempre promessa
que antes de cumprir acabou-se
ainda cesso essa inveja de mim
do tempo em que tampouco
soube me amar
dói nos olhos como areia
sozinha com as minhas obsessões
uso palavras fortes
apalpo para dentro minha carnes
já não há lugar em mim
corpo sem volta
grita suas dores, algoz
ao menos já não sangra
nenhum filho me guarda
em seus sonhos
eu, um animal sedento
de atenção e companhia
espero alguém com quem
fazer um pacto de sangue
coleciono pedras de cristal
estados de transe
agendas criptografada, ironias
álbuns de figurinhas
escombros da torre de babel
e catálogos de cata-ventos artesanais
meu habitat natural
apenas pontos
de esquecimento e fuga
cá dentro, muito fundo
uma redoma de imagens
tão bela nas velhas fotografias
sempre, sempre promessa
que antes de cumprir acabou-se
ainda cesso essa inveja de mim
do tempo em que tampouco
soube me amar
quinta-feira, 7 de abril de 2016
quantas recusas vale uma vida?
tinha feito tudo por aquele romance
tantas horas, esforços, renuncias
para escrever a história do japonês
apaixonado por uma stripper
e doze recusas, você sabe o que é isso
doze recusas de editores?
cheirava a vodca e valium
eu tentando evitar
que ela se atirasse
nos trilhos do metrô
acabei por dizer que não valia
que era só uma merda de um livro
e não valia morrer por ele
ao que ela me respondeu
que ele não era
tão merda quanto a vida
NSL
07/04/16
quarta-feira, 6 de abril de 2016
terça-feira, 5 de abril de 2016
sábado, 2 de abril de 2016
jardim
viver é estar nesse jardim
onde um poema alado
ressuscitou um pássaro
assoprando em seu bico
a palavra sonho
depois que o pássaro
ressuscitou e partiu
o poema nunca mais voou
aduba sombras sazonais
à espera dias de sol
quando as rosas acordam
e riem de seus fracassos
NSL
02/04/16
onde um poema alado
ressuscitou um pássaro
assoprando em seu bico
a palavra sonho
depois que o pássaro
ressuscitou e partiu
o poema nunca mais voou
aduba sombras sazonais
à espera dias de sol
quando as rosas acordam
e riem de seus fracassos
NSL
02/04/16
Assinar:
Postagens (Atom)