Não vale a pena dizer, a gente diz quando coisas que antes achávamos extraordinárias se repetem de tal forma que vão nos esvaziando o espirito e que acabamos por achá-las ordinárias. E a gente segue dizendo: não vale a pena contar, ou não vale a pena avisar. É como se tudo fosse um sujo no dente ou um zíper aberto. Não vale a pena. Então um dia você está caminhando num charco repleto de plantas aquáticas, coberto de água até o abdome, atrás de uma família de cinco ou seis pessoas que brigam para decidir quem terá mais direito a permanecer mais tempo diante do fogão quando chegar em casa e você vê uma cobra verde entre eles e uma moita de gramínea e você pensa talvez a cobra não vá na direção deles, talvez não seja venenosa e de qualquer forma não vale a pena dizer.
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