quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Para Gláucia Carneiro, que me atravessou há pouco

 A coisa mais honesta sobre a dor. Ela nos constitui porque constitui o mundo. Gosto de uma explicação que recebi certa vez. O tragos era o bode que ia à sacrifício, ao sabor de cantos e danças, para emular questões humanas. Grande sabedoria Grega. Daí as tragédias que saltaram da literatura para a vida dos homens.
Dizendo de outra maneira a melhor coisa a fazer é, respeitado o luto,  dançar e cantar diante de nossas tragédias cotidianas. Elas são nossa catarse para nos tornar mais potentes.  Se dançar ainda for difícil em decorrência do luto extremo, ajuda tirar a dor dentro e conversar com ela, como velhos amigos.
Executando movimentos pendulares entre a dor e o prazer, movidos pelo desejo, é assim que vamos nos constituíndo.
E lembre-se: é bom que cada um de nós, indiscriminadamente, tenhamos todos nossos dias de pedra e  dias de ilha. Quando assim for, por um tempo, pouco espaço haverá para o humano, seremos sobre-humanos, sub-humanos, mas estaremos fora do humano.
Fora do humano, pedra feita, experimentaremos a ausência da dor e do prazer. Um segundo basta para nos fazer retornar e continuar, muito mais humanos.
Obrigada pela visita
NSL
03/09/14

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