domingo de manhã
ouço a vizinha contar
mas um morto na rua da matriz
dívida de crack
morrem tantos
e ainda são muitos
caminham em círculo
peles enegrecidas e magras
pela praça
as vezes somem
comunidades terapêuticas
de recuperação
mas quase sempre voltam
não é preciso dizer
o nome da rua
o nome da praça
estão em todo lugar
os passantes
com seus óculos seletivos
observam as flores dos canteiros
mas para mim já não há cidade
apenas esses corpos indigentes
acusando o fracasso da civilização
NSL
25/05/14
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