domingo, 28 de outubro de 2012
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Compulsivamente você luta e se lava da raiva, do desejo, da vaidade e da inveja (e digo você porque para refletir essa imagem grotesca é necessário uma segunda pessoa) e quando finalmente pensa "agora estou limpo" nota que, como um palimpsesto, é apenas um borrão do que já foi.
Uma baleia niilista te engole e você aceita. "É isso mesmo, não quero nenhuma missão nem quero que ninguém se converta."
Enquanto espera ser digerido se vê obrigado a olhar para si. Vê que não criou nada para por no lugar da sujidade. Ela te sustentava como um esqueleto e agora você é apenas uma massa amorfa sem escoras.
Passa a ansiar por uma só nota, tirada daquela corda de onde você guardava o ódio que o faça ser vomitado de volta a vida real.
N. S. L
24/10/12
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Tudo isso é patético e eu sei. Mas preciso falar. Dizem que a reposta está em mim. Onde? Olho pra dentro e só vejo sombra! Até essa baboseira autorreferente, que ainda sustento a muito custo está me enfarando. A imobilidade me ronda como uma massa plasmática, se enrodilhando em volta de mim. Ninguém me salva do enfastio com a vida. O sinal vai bater me chamando outra vez e eu o responderei como uma operária. Irei a todos os meus compromissos, comprarei roupas, alimentos, e remédios, abraçarei meus filhos, meu companheiro mas nada vai mudar. O mundo vai continuar entregue ao trágico e nem meu abraço nem meu trabalho não vai salvar ninguém. Nem a mim mesma.
Escuto as pessoas falando e me impressiona os motivos que cada um encontra para continuar. Nenhum deles me seduz.
Fico me perguntando quanto de cegueira é preciso para continuarmos como homens amarrados em cavernas. Mesmo que eu fizesse ao modo de Édipo e cegasse a mim mesma ainda sim esse holofote que acendi dentro de mim não me pouparia. A consciência, assim como um sol, não é algo que se apague com facilidade.
Aqueles que me amam e se preocupam comigo, diante da verdade absoluta do argumento acerca da trágica realidade, me apontam a reencarnação com solução, mas quantas vidas seriam necessário para obtermos outro mundo?
E nem tenho certeza se o problema é o mundo. Acho que acabou-se meu subtrato interno e isso nem quem me ama pode me dar.
Vou continuar abrindo essa ferida por aqui. Enquanto houver sangue, há vida.
N. S. L.
22/10/12
domingo, 21 de outubro de 2012
que acaso que nada
o que sara a alma
e seca as lágrimas
é a prece palavra
som de música
mãos de fada
bálsamo
sobre a dobras
e seca as lágrimas
é a prece palavra
som de música
mãos de fada
bálsamo
sobre a dobras
sábado, 20 de outubro de 2012
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
domingo, 14 de outubro de 2012
Olho as pichações nas paredes da escola nesse domingo de Escola Aberta e nada me diz mais que os Versos Íntimos de Augusto dos Anjos. Resta saber quem seria o interlocutor dos poeta: eu ou eles?
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Punhal na carne, a violência gratuita me fez escrever
Risco obsceno
O rasto
no tapume
deprime
Violento
o traço no muro
fere a fachada
De dentro
tento
desprezar a ofensa
e ignorar o risco
obceno
Demorei semanas para diminuir a dor. Conversando com uns camaradinhas resolvi ver de perto o discurso do pixador. Fiquei misturada. Na vontade deles achei raiva pura, raiva pela raiva. Elogio a transgressão, que de certa maneira eu também acolho. E agora, pensar o que?
Hoje achei esse Dingos me mostrando outro caminho.
Meninos que pixam meu muro, no fim o que todos queremos é cura. E a arte também cura. E tem mais cor.
domingo, 7 de outubro de 2012
Um corrida desenfreada perseguindo a expressão suprema, a palavra ou a imagem que diga tudo que não cabe em mim.
O que parecia ser a busca pela arte-poesia legitima e genuína revela-se na verdade uma procura por mim. Não aquele eu que eu vinha sustentando desde sempre: os cabelos alisados e pintados, as inúmeras dietas, as vitaminas, as depilações, manicures, os ansiolíticos e toda a parafernália que eu e a maioria das mulheres que eu conheço sustenta para não ser-se.
A procura me trouxe ao que eu sou em essência: uma mulher, doce e louca, gris e gorda, sábia e tosca. Por enquanto.
Já não me envergonho da minha poesia autorreferente. Não poderia ser diferente dado a tal corrida.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
nu
corpo sem roupa
corpo exposto
corpo branco
corpo preto
corpo gordo
corpo ereto
corpo torto
sexo em pelo
sexo solto
puro belo
sem adorno
corpo
só, o corpo
N. S. L.
05/10/2012
corpo exposto
corpo branco
corpo preto
corpo gordo
corpo ereto
corpo torto
sexo em pelo
sexo solto
puro belo
sem adorno
corpo
só, o corpo
N. S. L.
05/10/2012
Fim de um campeonato de futsal, rouba-bandeira e queimada. Rios de lágrimas na saída e eu aqui pensando no Maturana.
“a competição não é nem pode ser sadia, porque se constitui na negação do outro (...) A competição é um fenômeno cultural e humano, e não constitutivo do biológico” (Maturana, 1998b, p. 13).
E bem capaz de haver outro modo de ensinar regras e trabalho em equipe...
“a competição não é nem pode ser sadia, porque se constitui na negação do outro (...) A competição é um fenômeno cultural e humano, e não constitutivo do biológico” (Maturana, 1998b, p. 13).
E bem capaz de haver outro modo de ensinar regras e trabalho em equipe...
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