sábado, 22 de setembro de 2012
Teu texto é muito claro e esclarecedor, ítala. Viver, nesse estágio terminal do capitalismo, tem sido duro. De arte, de dar aula, de medicina, de faringelaringologia. O perrengue é que vamos sendo coisificados. Viramos código de burros. Abduzidos e abilolados pelo dinheiro e pelo trabalho. E esquecemos como é que se vive. O sistema neoliberal matou a utopia. Não imaginamos ter alternativas. mas te
mos. É preciso coragem. Tirar o fio da tomada. Cuidando para não se achar maluco. “q não seja o medo da loucura q nos faça baixar a bandeira da imaginação”. E aí de repente, estamos ligados à vida, à invenção, a tudo que passa e fica porque vibra na nossa onda. Acho q temos q ter coragem muita para nos desintoxicar desse tempo da produção, da coisa, do código de burros. E desejar outras coisas. A publicidade desenha nossos desejos, que na verdade, são os deles. e nos faz endividar a alma p/ consegui-los. Eu não me reconheço neles. O carro do ano, a casa própria, a mina da capa. É preciso se desintoxicar disso, ítala. E reconstruir uma vida do tamanho da gente. Slow hand, slow food, slow life. Enquanto vida houver.
Nos setenta, o inimigo era um espantalho, um general bufão, que espantava os pássaros e bichos da horta. Com a tortura e a repressão. Era um inimigo visível que nos deu garra para guerrear. Hoje o mercado faz o papel do espantalho, com sua cara sem rosto, com seu poder invisível. Como um agrotóxico. Vc introjeta o inimigo. Ele mora em vc. Como? Incorporando a censura e os desejos impostos pela propaganda. É muito mais difícil a briga. Lutar contra um inimigo q vc não identifica, não vê. Haja ninja. Mas somos ninjas imbatíveis. Operamos pelo faro, pelo nosso radar transcendental. E então, ele passa a ser visível. E uma das suas formas, é o próprio agrotóxico que nos envenena a cada mordida e nos faz perder a visão no escuro, q deixa tudo embaçado, vago, tudo pastel. Recuperar o humano, o sensível, nossa destreza e asa. Isso pode ser um bom início. Agrotóximo go home. Em todos os sentidos. Na comida, nos desejos, nas relações. E não ter medo de mudar o círculo de amizades. De ficar sozinho. Outras pessoas na mesma vibe virão. Como sempre. Meu leminha é há muito tempo: saúde, discernimento e entusiasmo. E que venham os moinhos de vento, os dragões, o escárnio. Saberemos enfrentá-los com um sorriso de imenso prazer.
Ricardo Chacal
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