Cansada de pensamentos encapsulados. Estou desejosa de prosa, pensamento nos quais eu possa tranquilamente me enredar, só descrevendo esses fluxos e refluxos de uma mente atormentada pela excessiva conciência da verdade das coisas.
O que me vale é essa certeza de que a vida vinga em mim. Até minhas unhas bilham de vida. Meus cabelos, que tantos acusam como matéria morta, também tem vida. Minha pele é um grande orgão desejante, que respira vivacidade. e embora minha boca esteja preferindo o silêncio, ela também vive. Meus pés, estomago, coração, todos anunciam vida.
Mesmo essa voz que fala dentro de mim na terceira pessoa, consolidando meu ego e orgulho e fazendo com que eu erre em minhas autoavaliações, essa voz enganadora também está tentando promover a vida em mim. Não que eu possa deixar que ela me enrede nos seus enganos, mas posso perdoá-la ao menos. Sei que ela nasceu em mim contra uma força interior que cheirava a morte.
Apesar de, às vezes, ainda perder tempo como lutas sem sentido, neste momento estou atenta ao que é importante. Ontem não pude evitar de brigar com quem tentava me dominar. E olha que já havia decidido não dialogar com dominadores. Hoje voltei a atenção à vida e por isso posso celebrá-la. Posso também celebrar a extensão dessa vida presente em meus filhos e minha família.
Entendo que a expressão da vida que mora em mim se dá principalmente no exercicio do bem, na criação literária, na fruição da arte e da dança e no riso solto e desamarrado de significantes.
Viva a vida!
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