quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Me escrevendo

lá fora pulsa a figura
que faria belo meu poema
mas permaneço sentada no escuro
garimpando imaginário
signo que valha uma prosa

Por preguiça de viver
sigo escrevendo
por medo de sentir
sigo escrevendo
inútillmente
a dor dilacerante 
não respeita o escuro

A tragédia minha de todo dia
punhal afiado na carne
não cessa de doer
mesmo comigo imóvel 

Costureira de palavras
tateio em busca
da estrofe-linha
do verso-agulha
que costure as feridas
mas não há palavra
que cosa a realidade

Norma de Souza Lopes


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