terça-feira, 16 de setembro de 2025

qual a melhor medida do amor?

há isso

— todo o tempo

que gastei

para ser

isso que chamo EU —

e há

a mulher

que me escolheu:

ela me ama,

cruza a cidade ao vento,

vê pela manhã

eu me vestir

dormir

dançar

comer

sorrir

ela me vê.

e nisso pulsa, inteiro,

em meu peito aberto

amor verdadeiro

domingo, 7 de setembro de 2025

Pinguins

ah, a alegria dos começos

e o esforço do primeiro verso

(o que veio primeiro?)

podia dizer da sua intenção

de me enxergar

na prateleira

e dizer: venha

quando eu já tinha decidido escolher

teve sua disposição

de encarar a gangue de amigos

aquele sorriso

(parava fácil a afonso pena inteira),

a decisão de ficar

o primeiro beijo,

o cheiro cítrico de flores no quarto

em seus cabelos,

no travesseiro

(calcinhas perdidas nos pés da cama),

os lençóis guardando suas curvas,

as marcas de suas águas –

ah, suas águas sobre mim

a despeito do acordo

terapêutico

dramático

“não vai se apaixonar tão rápido” ou

“quatro encontros antes da cama”

de cara eu te oferecia o pijama

e cabia tão lindo em você

a ingenuidade da promessa

de explorar a casa

só pra nos colocar em fuga

(droga de retorno surpresa)

o mundo cabe inteiro no espaço

entre suas covinhas

quando você sorri

saudade é a palavra

que multiplicamos

cem vezes nas nossas vozes

(duzentas vezes nos áudios de whatsapp),

na distância, nas mensagens

e há a calma que mora

nos nossos encontros,

na posição de conforto para dormir,

seu corpo em repouso

e o ronronar

que virou

minha canção de ninar

e que não ouso interromper

carrego seu nome desde a infância:

a menina bonita

da classe do fundamental

se eu fosse menos nietzschiana

chamava de destino

o que estamos construindo

há medo, confesso,

mas também há a paz

e a ausência de drama

por isso aposto todo dia

é cedo, eu sei

mas vou te desenhar

um casal

de pinguins

e te convidar:

vem viver par em mim