https://youtu.be/wmvXvrOhE6s
Para além da indústria 4.0, da Educação 4.0, pensar a escola como um espaço que faça mais que formar indivíduos prontos para servir ao machismo, ao racismo e principalmente ao mais perverso de todos, aquele que determina o funcionamento de tudo no mundo, o CAPITALISMO.
Uma educação realmente revolucionária deverá por fim as dinâmicas de competição humana. Deverá instalar a cooperação como princípio comunitário.
É preciso romper com a ideia de mercadoria e resgatar o princípio da ética, ou seja, viver bem com pessoas,bichos, plantas e pedras. Fazer parentes, lançar mão da simpoiese, ao modo de Donna Haraway.
Sabemos que isso não é simples. Como educadores por vezes somo um fluxo circulando num determinado circuito, o espaço educativo, com as suas aberturas e limites, passagens subterrâneas e translações. Enquanto a corrente ficar circunscrita às mesmas vias, com as mesmas ligações supostamente “naturais”, a tendência é sempre repetir uma rotina, num automatismo recorrente.
Nesse caso às vezes é necessário instalar o desarranjo, uma anomalia(o escândalo e necessário, mas maldita e a boca de o de ele vem), quando salta uma conexão inesperada, digo, quando se entra em relação com o heterogêneo e díspar, quando aí se estabelece uma aliança antinatural, com outros circuitos imprevistos, abrem-se outros caminhos, constroem-se hábitos novos e o futuro se abre à invenção.
E essa e a deixa do educador que deseja trabalhar contra a exclusão, fazer diferente. Não se iluda, não há ganho pessoal. Pelo contrário, é possível sofrer perdas. Mas esteja certo que na ponta do processo, o mais excluído dos estudantes estará ganhando. E quando ele ganha, o país inteiro ganha.
Em tempos de luta legítima por melhores condições de trabalho gostaria de falar também de duas matérias discriminadas na educação: a espiritualidade e o amor (notem que estou falando de espiritualidade e não de religião, isso é de propósito). Gosto muito da proposta de Bell Hook, para qual o amor deve ser pensado como uma ação, como verbo. E envolve muito mais do que afeição, mas "carinho, reconhecimento, respeito, compromisso, confiança, honestidade e comunicação aberta". Ou seja, amar é "promover o próprio crescimento espiritual ou o de outra pessoa".
Nos comprometer com nosso crescimento espiritual e com o dos estudantes, amá-lo deveria ser mais que associa-lo a um filho ou a um parente. Não uma cápsula de futuro, uma mercadoria a ser produzida, avaliada e entregue pronta ao mercado. Olhá-lo e ver seu corpo, sua alma, seu intelecto como algo único, precioso e completo, vivente e existente no agora.
Antes eu sonhava com a melhor escola do Brasil, e não via o quanto competitivo isso era Esse sonho está dando lugar para outro: um Brasil de excelentes escolas. A competição é a arma do capitalismo e o poder é a única capacidade dos impotentes.
Sigamos educadores intensos e potentes, escapando ao canto da sereia que representa todo poder.