segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

nunca mais aquela falta

[ norma de souza lopes ]

quando notei que perdia minha voz não me desesperei
apenas pus em suspenso
os sonhos de ser
a cantora do século

são assustadores
os uivos do ressentimento
da perda e da raiva
mas já aprendi
a ouvir nos búzios
as  batidas do coração
sem cortar as palmas das mãos

não os que vão
mas os que ficam
é que contam as histórias
de nossas idiossincrasias
a poesia ainda é a melhor conversa
quando nossa única alternativa
é o silêncio

sábado, 28 de janeiro de 2017

agora que tudo é calma

[ norma de souza lopes ]

dar de comer à selvagem
que sacode às mãos
e se despede
do que é tóxico
ódio
desamor

agora que tudo é calma
repassar cada som
cada sorriso
calçar sapatos vermelhos
dançar
e suportar sem dor a beleza do mundo

sábado, 21 de janeiro de 2017

copo de veneno

por o ritmo das sílabas em marcha
rimar como címbalos de rocha
criar a mais bela dança semântica

(e perder toda a poesia
bebendo doses diárias de ódio)