quinta-feira, 31 de maio de 2012

Caminho do meio

Escolhi abrir uma frincha para deixar sair a tristeza. Apenas um pouco para que seja suficiente criar e produzir.
Firmei um acordo comigo: não permitir que essa sombra engula a vida que existe em mim.
No entanto não pretendo permitir que o excessivo deslumbramento com as coisas me faça parecer tola ou ingênua. 
Trata-se de achar o caminho do meio entre a felicidade com o óbvio e a tristeza diante da verdade.

Norma de Souza Lopes

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Tiradentes

Cidade gueixa
faces brancas
vestes coloridas
vitrine para o mundo

Onde andarão os filhos
arrancados de seus braços?

Norma de Souza Lopes


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Dissolvo de novo

 










  

Obra de NELE AZEVEDO

Por ser efêmera
posso desfutar esse 
Voyage Au Pays de Tendre  
de Gabriel Pierné
e depois me esquecer
inteira fêmea 
em segundos
flutuo entre o doce 
e o ácido

não sou rocha 
não sou certa
posso odiar e até matar 
por ciúmes
convicta de que estou morrendo
o que me salva são as palavras


Norma de Souza Lopes




terça-feira, 22 de maio de 2012

Biografia da fala

me afasto
do vício em coisa falada 
frio no ouvido 
que provoca a coisa falada
concreto
apalpo-a como fruta madura
coisa falada com fruto
sem fome
coisa falada gratuita
sem objeto
coisa falada com crítica 
sem produto


Norma de Souza Lopes

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Corre
ou te agarra 
a palavra visgo
de quem 
se engana contigo
que finge
ser disponível

Corre
escapa 
das intenções viscosas
que sabem de ti
nunca ouvir um não

Corre
ou logo descobrem
que dentro de ti
não há coração

Norma de Souza Lopes




quarta-feira, 16 de maio de 2012

Através

 











Poema homenagem a instalação de Cildo Meireles

cacos de dor
fracos de  vidro
frascos de alma
sem remédio 
para a ilusão
perdida
olhar através 
romper barreiras 
abrir cortinas
transpor
paliçadas
barricadas
grades
telas
aceitar
o aquário
que é a vida

Norma de Souza Lopes





terça-feira, 15 de maio de 2012

Sem fleugma






Eu que ensinei a contar cores no céu
preciso agora de mãos
que me atravessem a rua
pra ver a lua

Pouca paciência para esperar
que floresça uma buganvília
como esperar que amadureça uma poesia?

Norma de Souza Lopes

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Espera


Escuto
mas você não fala
e me lança no silêncio

Aguento
estar perto e em movimento
nem sempre na direção certa

Aguardo
E o frio no estômago
aguça meu querer

Aproximo
e dói quando eu respiro
o mesmo ar que você

Norma de Souza Lopes




domingo, 13 de maio de 2012

Selinho


Que delicia seria aquele selinho do sonho suave agora na boca acordada.

Norma de Souza Lopes


sábado, 12 de maio de 2012


















Saudosas

É linda essa moça
mas chorou abundante
saudades da infancia
Tem quinze anos!

Nada tinha para consolo
então dei de presente
segredo pungente
apesar dos quarenta
ainda choro saudades
da adolescência.

Norma de Souza Lopes