domingo, 3 de agosto de 2008

Norma da Educação


Aula Historia Brasil Jack

From: jackpovoas, 1 year ago





Projeção de slides no power point utilizada como recurso na aula de História do Brasil Colônia Parte 1
Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães - Professora Jackeline Póvoas
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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A Teoria da Aprendizagem Significativa

A seis anos tomei conhecimento da teoria da aprendizagem significativa, definida por Ausubel como uma teoria psicológica de aprendizagem verbal. Essa teoria explica como acontece a aquisição e a retenção do conhecimento gerado enquanto ensinamos verbalmente.
Tal teoria se ocupa do que ocorre quando se aprende, da natureza dessa aprendizagem, das condições necessárias para que essa aprendizagem aconteça, de quais os resultados serão obtidos e como se avalia esses resultados, ou seja, discorre acerca dos elementos, dos fatores, das condições e dos tipos que levam a aquisição, a assimilação e a retenção da aprendizagem.
A aprendizagem significativa ocorre quando uma informação se conecta a um conceito relevante pré-existente na mente do aprendiz, ou seja, é possível aprender significativamente uma nova idéia ou conceito na medida em que outras idéia ou conceitos estão disponíveis em campos mentais do individuo.
A aprendizagem significativa pode acontecer a partir de representações, de conceitos ou de proposições.
A aprendizagem por representações acontece quando a criança adquire um vocabulário novo. Primeiro ela aprende as palavras que representam os objetos reais e significativos. Nesse processo ela ainda não os categoriza nem os classifica.
A aprendizagem por conceituação acontece quando a criança, a partir de experiências concretas, compreende por exemplo que a palavra mamãe, pode ser usada para sua mãe e para todas as outras mães existentes. Quando as crianças de idade pré-escola se submetem a contextos de aprendizagem por descobrimento ou recepção e compreendem conceitos abstratos como "governo", "país", "mamíferos" podemos afirmar que aí se deu a aprendizagem significativa por conceitos.
Quando o indivíduo conhece o significados dos conceitos e pode formar frases que contenham um ou mais conceitos se diz que ele aprendeu uma proposição. Quando se compreende o significado da proposição " O modelo de desenvolvimento econômico do hemisfério ocidental é incompatível com a proteção da natureza" presupõe-se que o individuo reconhece conceitos complexos como "desenvolvimento", "hemisfério", "ocidental", "natureza". Nesse sentido é correto afirmar que ele assimilou e integrou tais conceitos a sua estrutura cognitiva, ou seja, seus conhecimentos prévios.
Para aplicarmos a aprendizagem significativa alguns pré-requisitos são necessários. É necessário que o material tenha uma significação lógica e psicológica e que o aprendiz esteja receptivo.
Por significação lógica entende-se que o material que o professor apresente ao aprendiz esteja organizado de maneira que a construção de conhecimentos aconteça.
Por significação psicológica entende-se o material deve permitir que o aprendiz conecte o novo conhecimento ao conhecimentos prévios que ele possui. Esse material também deve ser apresentado de forma que seja apropriado por campos de memória de longo prazo, do contrário o aluno se esquecerá rapidamente.
No entanto, se o aprendiz não dispuser de atitudinal e emocionalmente a aprendizagem significativa não acontecerá. O professor só pode ensinar enquanto ele motiva o aprendiz.
A aprendizagem significativa apresenta algumas vantagens para o desenvolvimento do aprendiz Produz uma retenção mais duradoura do conhecimento, é ativa, já que depende da assimilação da aprendizagem por parte do aprendiz e, se a nova informação for relacionada com a informação anterior, será assimilada em campos indeléveis de memória.
Além disso é necessário dizer que a aprendizagem significativa é pessoal, uma vez que depende dos recursos cognitivos de cada aprendiz.
Ausubel também coloca a ocorrência da Aprendizagem Mecânica, que é aquela que encontra muito pouca ou nenhuma informação prévia na estrutura cognitiva a qual possa se relacionar, sendo então armazenada de maneira arbitrária. Em geral envolve conceitos com um alto ou total teor de "novidade" para o aprendiz, mas no momento em que é mecanicamente assimilada, passa a se integrar ou criar novas Estruturas Cognitivas.
Muitas vezes um indivíduo pode aprender algo mecanicamente e só mais tarde percebe que este se relaciona com algum conhecimento anterior já dominado. No caso ocorreu então um esforço e tempo demasiado para assimilar conceitos que seriam mais facilmente compreendidos se encontrassem uma "âncora", ou um conceito subsunçor, existente na Estrutura Cognitiva.

O subsunçor é uma estrutura específica ao qual uma nova informação pode se integrar ao cérebro humano, que é altamente organizado e detentor de uma hierarquia conceitual que armazena experiências prévias do aprendiz.
A Aprendizagem Significativa também pode possuir uma das seguintes naturezas:

- Subordinada: Onde a informação nova é assimilada pelo subsunçor passando a alterá-lo.

- Superordenada: Quando a informação nova é ampla demais para ser assimilada por qualquer subsunçor existente, sendo mais abrangente que estes e então passa a assimilá-los. Por exemplo: Se o indivíduo tem subsunçores para Catolicismo, Protestantismo e Kardecismo, e depois aprende o conceito geral de Cristianismo. Esse último conceito é que na realidade assimilará os 3 originais.

- Combinatória: Quando a informação nova não é suficientemente ampla para absorver os subsunçores mas em contrapartida é muito abrangente para ser absorvida por estes. Assim para a se associar de forma mais independente aos conceitos originais. Como exemplo podemos citar o conceito de "Arca de Noé". Ele se relaciona com o conceito de embarcação mas poderia não assimilá-los nem ser assimilado por estes, pois possuí peculiaridades muito específicas que desafiam as características de uma embarcação comum, dependendo do ponto de vista e linhagem de raciocínio do aprendiz, mas é indiscutivelmente associável a este conceito. Ao mesmo tempo associa-se também ao conceito Cristianismo por fazer parte de sua crença mas não de forma exclusiva a ponto de ser definitivamente assimilado. Assim passa a ser relacionar com ambos e quaisquer outros conceitos associáveis mas ainda mantém uma certa independência.
Diante do esposto podemos afirmar que o papel pedagógico na promoção da aprendizagem significativa envolve ao menos 4 partes:

- Determinação da estrutura da matéria de ensino e seu Potencial Significativo, de modo a organiza-lo numa sucessão de melhor possibilidade de assimilação, ou seja, uma Organização Sequencial;

- Identificação dos subsunçores do processo sequencial de ensino que devem possuir correlatos nas Estruturas Cognitivas do aprendiz.

- Identificação do Potencial Significante do aprendiz, isto é, a suas Estruturas Cognitivas já consolidadas.

- Aplicação de um método de ensino que priorize a associação do conceitos da matéria com os subsunçores do aprendiz de forma a criar uma Aprendizagem Significativa, e possibilitar uma gama de opções de associação de conceitos de modo a levar e uma Consolidação do aprendizado.

Podemos concluir o que Ausubel propôs foi a valorização da Estrutura Cognitiva do aprendiz, subordinando o método de ensino a capacidade do aluno de assimilar a informação.
Bibliografia
MOREIRA, Marco Antônio (1999). Aprendizagem significativa. Brasília: Editora Universidade de Brasília.
No futuro postarei as contribuições que Joseph Novak fez a teoria de Ausubel na década de 70. Seu trabalho modificou o foco do ensino do modelo estímulo -> resposta -> reforço positivo para o modelo aprendizagem significativa -> mudança conceptual -> construtivismo.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Sexualidade na escola: interdição ou expressão cultural?


Norma de Souza Lopes
nosolo@ig.com.br

Pode-se dizer que no último século o conceito de sexo ampliou-se para “sexualidade” considerado como um elemento presente em todas as etapas do desenvolvimento do ser humano. O estudo da Sexologia como campo teórico especifico tomou corpo a partir de 1950, quando Alfred Kinsev redigiu seus relatórios pioneiros e Master e Johson publicaram seus estudos científicos. (PCN Temas Transversais 1998). Como ciência humana e social a sexualidade e alvo de estudo de biólogos, antropólogos, médicos, psicólogos, sociólogos, juristas, religiosos e educadores.
O significado primitivo da palavra sexo vem do latim “secare”, com as derivações “sectus”, “sexus”. Sexo significa aquilo que corta, que separa, conformação particular que distingue o macho da fêmea. Este é o primeiro critério da diferença, no bojo do conceito de sexo O segundo critério é a idéia da formação de um casal que se une no intercurso sexual. O terceiro critério diz respeito aos dois primeiros, é a dimensão que em decorrência dos dois primeiros , re-une o homem e a mulher da função da reprodução. Ou seja, em sentido amplo sexualidade separa, une e re-une o ser humano (idem).
Em outras palavras a abordagem da sexualidade envolve a diferença anatômica, o papel social de gênero, a afetividade, emoções e sentimentos que criam laços entre as pessoas. Surge dentro de todo organismo normal, desenvolve-se do nascimento a morte e manifesta-se de várias formas nas diferentes faixas etárias.
Ora sabendo o que é sexualidade cabe perguntar: Como ensinar educação sexual de forma que esse ensino contribua para o cuidado e a liberdade do indivíduo?
Um exame aproximado de como a sexualidade tem sido ensinada nas escolas nos leva a concluir que esse ambiente ainda serve para sustentar desigualdades racionais de gênero e de hierarquias sociais. Muitos silenciamentos, tabus e interdições acabam por ignorar que, se aproveitando do silencio de escola e família, a mídia explora o tema, tornando o sensacionalista, físico e superficial.
Essa posição no entanto não surgiu nos dias de hoje. Se sustenta por que a sociedade nunca tratou a sexualidade como algo natural. Em 1905 Freud já observava que o que caracterizava a literatura do desenvolvimento psicológico da criança era, por um lado a escassez de materiais sobre sexualidade e por outro a proliferação de textos acerca de como instaurar a interdição dos corpos infantis.
No entanto a interdição não joga para debaixo do tapete a curiosidade de crianças e adolescentes. As paredes de banheiro,o livros de piada, os ditos populares e a literatura marginal cuidam de manter o assunto em pauta. O silencio e a omissão sobre o tema revela para as crianças e adolescentes uma visão dissimulada com a qual lidamos com a sexualidade. Além de reforçar a aprendizagem às escondidas. Passa a existir então duas versões de sexualidade: a cientifica e a vulgar.
Ancorado no silencio da escola está a suposição de que o corpo normal personifica um significado estável de sexualidade, mas isso não se verifica na prática porque sexualidade é o oposto de fronteiras. A sexualidade não segue regras de cultura mesmo quando esta tenta domesticá-la.
Outra suposição errônea da escola é a idéia de instaurar uma pedagogia do sexo seguro como tópicos especiais, em momentos especiais, vinculados a natureza apenas biológica do corpo, corpo este pleno de perigo e carente de prazer. Essa pedagogia deve se tornar algo do cotidiano, que trate do corpo como campo de relacionamento, vinculo, afeto e prazer.
Ensinar acerca de sexualidade requer também que o educador estabeleça uma relação no mínimo organizada com a própria sexualidade, com o próprio corpo, com o próprio prazer, se não corre-se o risco de esbarrar em castrações pessoais tão violentas que impedirão o trabalho de fluir.
É necessário compreender e aceitar também que a todo tempo há o risco de se esbarrar ou ultrapassar os limites determinados pelos pais ou pela religião desses, no que diz respeito a ao que se deve e ao que não se deve ser ensinado aos seus filhos. Valores relacionados a masturbação, uso de preservativos e contraceptivos costumam ser inegociáveis para algumas famílias. Neste caso a transparência é fundamental. Os valores, atitudes, procedimentos e critérios do educador e da escola como um todo devem ser claros para os pais dos alunos, evitando acusações posteriores de má fé ou imoralidade.
À escola cabe não estabelecer em torno da sexualidade uma zona de interdição, mas uma zona de discussão. A sexualidade deve ser compreendida como uma expressão cultural que deve ser trabalhada de forma complementar pela família e pela escola de forma coerente e transparente.
Coerente porque deve ter sempre como base os mesmos critérios e valores que levem os alunos a perceber formas adequadas de encarar a própria sexualidade, dando-lhes segurança nesse aspecto. Transparente no que diz respeito a atitudes, procedimentos e critérios com relação ao tratamento da sexualidade dos alunos, coordenação e direção da escola. Não confundir no entanto transparência com falta de privacidade dos assuntos íntimos de cada um.
Nessa medida o modelo de ensino acerca de sexualidade ideal para o ambiente escolar deve se pautar pelo estímulo à curiosidade. Uma didática de conhecer, discutir e questionar as várias formas de cuidar do próprio corpo e do corpo do outro, de produzir prazer a partir do próprio corpo ou no corpo do outro. Os educadores e a escola devem ajudar o individuo a chegar as respostas adequadas sobre sexualidade, não adequadas apenas aos valores morais da sociedade, mas adequadas também ao seu próprio conhecimento e desejo.



Bibliografia
Brasil MEC -Parâmetros Curriculares Nacionais Temas Transversais – Sexualidade 1998
ALUNO: INDIVÍDUO RESIGNIFICADO

Norma de Souza Lopes
nosolo@ig.com.br

Na luta cotidiana de educar nos deparamos com um aluno diferente daquele que desejamos encontrar. O sujeito que esperamos de nosso aluno não é nosso aluno, é uma representação pessoal que cada um de nós traz dentro de si acerca do aluno ideal. E quando idealizamos, negamos sua identidade e isso solapa todas a suas possibilidade de êxito. Fica impossível para ele superar o caos instalado pela negação existencial.
Se o educador idealiza o aluno, nega-o como sujeito-aluno, como ser sapiente. Retira dele a validade de seu saber. Ele então tenderá a negar o papel e autoridade do professor devolvendo a invalidação. Aquele que costuma ver negada diariamente sua existência em seu ambiente familiar passa a viver uma negação da mesma magnitude no ambiente escolar. Porém desprendida dos poderes patriarcais, tende a sublevar agressividade, inaudição e revolta, uma vez que os limites não são tão rígidos como em casa.
Podemos observar então que o resultado, invariavelmente, é a indisciplina. A conversa excessiva e a indisciplina nos dizem sempre: “Se você não me reconhece como aluno eu não te reconheço como professor”. “O que você tem a dizer não me interessa porque me é inalcançável.” “Não me interessa por que não significa nada no meu mundo real”.
Para esse aluno a indisciplina é benéfica porque alivia a angústia de não compreender o discurso escolar, angústia de não se parecer com o aluno idealizado. Infelizmente para ele a escola não é um lugar de vida, é apenas um lugar de ensino (do latim insignare: ato de lançar dentro de uma sina, de uma sorte alheia a sua vontade). A brincadeira, as conversas paralelas e as piadas são uma tentativa de transformar a escola num lugar onde ele pode se furtar do mundo que detesta: o mundo institucionalizado (família, igreja, sistema legal etc.).
Ele procura um rompimento com esse mundo, tenta relacionamentos de sucesso entre seus pares, tenta ser o herói ou anti-herói querido. Recusa-se a ser escolarizado para não permanecer prisioneiro de uma sistema de ensino em que não se aprende nada de útil para a vida.
O que o professor, como adulto centrado, deve fazer é validar o aluno real que encontra na escola. Não há nada mais educativo que legitimar o aluno e o que ele sabe. O professor deve reconhece-lo e acolhe-lo se dispondo a estabelecer com ele um relacionamento confiável.
A relação mestre-discípulo instaurada quando o professor se dispõe a relacionar não tem preço. O que se encontra compartilhando vai além da disciplina intelectual ou na escola: é a amizade que o jovem , por vezes, descobre pela primeira vez em sua vida. O mestre-amigo legitima a existência de seu aluno, aceita-o como sujeito sapiente. O professor que se abre para esse modelo de relacionamento não costuma ter problema com indisciplina.
Não se deve esquecer no entanto que os efeitos desse relacionamento só são benéficos, na medida em que o professor conhece o seu papel e tem uma vida pessoal bem sucedida. Um professor confuso, com pouca inteligência emocional pode provocar estragos irreparáveis ao se aproximar demais de seus alunos. Vale aqui, como em todo lugar, a medida do equilíbrio.
Para realizar aproximações eficientes o professor deve ter claro a importância dessas aproximações, compreendendo sua limitações e possibilidades. Mas acima de tudo ele deve desejar fugir do modelo ilusório de aluno que o faz perceber o OUTRO de maneira deformada, ou seja, arranca do aluno aquilo que o torna particular e diferente. Arranca dele sua competência de INDIVÍDUO.
Quem reputa-se educador deve caminhar no sentido de ressignificar suas representações acerca do que o aluno é. Deve imergir prazerosamente nas diferenças reais de seus alunos, fugindo de toda ilusão. Ilusão só traz sofrimento.
E por falar em educação

Norma de Souza Lopes
nosolo@ig.com.br

Buscar um texto motivador, que reflita o que nós, educadores de escola pública, estamos vivendo estava muito difícil, então resolvi eu mesma escrevê-lo. A tarefa se mostrou complicada, mas acabou por ampliar minhas idéias sobre qual o resultado que esperado desse artigo.
O que escrever: algo para motivar? Algo para resolver o problema da indisciplina? Ou algo para ajudar a administrar conflitos?
Tudo isso e muito mais!
Comecei a pensar em nossos alunos, jovens que aparentemente não querem aprender.
Um contra-senso!
É característica primeira dos jovens querer acertar, ser autênticos e verdadeiros. Eles também não têm medo do novo ou de mudanças. Isso faz deles sujeitos inteiramente prontos para saber, conhecer, entrar em contato com essa ciência que, ainda que fragmentada, ensaiamos em nosso currículo.
Por isso, aos nossos jovens, teremos que convencer sobre a importância da ciência, convencer sobre sua agradabilidade. Teremos que seduzi-los como fomos seduzidos ao escolher mergulhar em nossas áreas de conhecimento. Teremos de buscar em nossa memória os elementos que nos seduziram, aquilo que nos fez amar o conhecimento. Teremos então que leva-los a provar esse sabor-saber.
Já me disse alguém: o conhecimento não é alcançado por todos. E os nossos – alguns já chegam perdidos – também não serão todos a alcançá-lo. Mas nem por isso podemos desistir, pois educador se realiza educando.
E educar precisa ser um projeto de sucesso (rezam os bons manuais que para construir um projeto de sucesso é necessário construí uma história pessoal, crer e vivê-la cotidianamente).
Projeto de ensino com sucesso também deve ser um projeto coletivo, de equipe. A equipe deve que construir sua história, crer e vive-la cotidianamente. Para essa construção cada educador pode oferecer suas experiências pessoais e relatá-las de forma a evidenciar como cada escolha transformou suas ações e o fez crescer.
É assim que eu tenho feito. Decidi a muito que minha missão seria me interessar genuinamente pelas pessoas, ser alguém bom e honesto, estabelecer uma relação de ajuda com todos que isso esperassem de mim. Não que não tenha pensamento e ações contraditórias (quem não os têm?). Como todos erro tentando acertar. Enfraqueço. Esmoreço. Mas me levanto.
Mas quando quero ajudar alguém e percebo que ele precisa mudar, saio do meu lugar, me dirijo ao lugar do OUTRO, direciono minha atenção para ele. Ouço... Pergunto o que ele deseja..... Conheço.
O efeito é mágico: tenho ajudado pessoas e o melhor, tenho mudado para melhor todos os dias. Integro esses “outros” melhores ao meu ser.
Minha história passa a ser uma história coletiva.
O que isso tem a ver com ensinar?
Só podemos ensinar quando lembramos como aprender. Só sabe os o significado quando aprendemos a ver, ouvir, tocar, cheirar. Ë o sensível que nos ajuda a significar. Conhecer o outro é tomar ciência. É fazer ciência.
Portanto o apelo hoje é para fazermos ciência: ciência das letras, ciência das artes, ciência da lógica, ciência da matéria, ciência dos espaços, ciências dos organismos, ciência da história humana e ciência das histórias pessoais de nossos jovens alunos. Uma ciência doce e saborosa.
Como pedir algo tão altruísta a profissionais massacrados como nós, educadores?
Adam Smith disse que o melhor resultado é obtido quando todos do grupo fazem o que é melhor para si. John Nash, o matemático, melhorou e disse que o melhor resultado é obtido quando todos fazem o que é melhor para si e para o grupo.
Não podemos melhorar de imediato o nosso salário e nossas condições de trabalho - ainda que possamos lutar juntos por eles- mas podemos melhorar nosso salário emocional, pois ele só depende da PEDAGOGIA DA GENTILEZA.
Trata-se de uma idéia que me ocorreu de que podemos nos aproximar, distribuir afetos, gentilezas. Essa idéia me diz que mesmo que não tenhamos sucesso com o ensino das ciências ditas universais, poderemos humanizar e ganhar forças para lutarmos por valorização de nossa função: EDUCADORES HUMANIZADORES.
Flores não rompem grades


Norma de Souza Lopes
nosolo@ig.com.br

Antes da existência da escola o individuo aprendia apenas aquilo que fosse importante para seu oficio. Era o caso de monges que aprendiam a ler para copiar manuscritos religiosos, ou de comerciantes fenícios que registravam e liam apontamentos de vendas ou até mesmo de alquimistas que registravam suas observações químicas. Nesse contexto a ciência servia ao indivíduos para fins e interesses particulares e específicos.
O advento do pensamento filosófico implantou formas mais amplas de observar o mundo natural, questionando e buscando respostas possíveis também sem uma separação engessada de áreas de conhecimento. Surge então o modelo escolástico de ensinar.
Neste modelo o professor era aquele que possuía uma visão geral das coisas e sua formação era construída de forma ampla e autodidata. Pauster por exemplo era professor de química mas, para responder a demanda do pai de um dos seus alunos, investigou a produção de álcool em tanques de beterraba e acabou por fazer uma das descobertas mais importantes no campo da biologia. Nesse contexto o professor era um investigador multiforme que acabava por conhecer de tudo um pouco. Porém esse era um professor de elite, que chegava em uma casa ou vila e ensinava apenas às crianças daquela lugar. E vivia disso. Por isso essa era uma educação cara para as famílias.
Com a revolução industrial surge a necessidade de ensinar às grandes massas rudimentos da leitura e escrita e alguns cálculos matemáticos. O ensino passa então a requerer um novo perfil de educação, mais barata, que atingisse um número maior de aprendizes ao mesmo tempo. Um novo perfil de educação que implicou em novo perfil de professor.
No novo modelo fez-se necessário engradar o conhecimento. Esse engradamento em forma de currículos escolares, semelhante ao que conhecemos hoje, foi criado tendo como base a suposição de que, como nem todas as ciências poderiam ser ensinadas, o conhecimento ensinado no ambiente escolar deveria ser apenas o necessário para resolver problemas cotidianos de uma determinada época e cultura. O novo perfil de professor deveria ser o de alguém que fosse capaz de reproduzir esse conhecimento em moldes fabris, ensinando a um grande grupo de aprendizes ao mesmo tempo.
Pronto! Estava inventado a escola e o professor como conhecemos hoje.
Como já foi afirmado a ciência em si mesma sempre buscou todo aporte possível para resolver os problemas reais que os indivíduos experimentam no mundo natural. No entanto a seleção acadêmica dos conteúdos e a prática educativa coletiva pretendeu colocar em grades esse conhecimento. Grades chamadas currículos, disciplinas, matérias, conteúdos, de forma a “simplificar” para que os alunos pudessem entender e para que esse conhecimento pudesse ser veiculado no ambiente escolar. Essa simplificação implicou em fragmentar, diminuir, aprisionar todo o rico conhecimento produzido universalmente em campos de conhecimento e em momentos históricos passados. Para isso a formação do professor foi ficando cada vez mais afunilada e os saberes escolares cada vez mais primários.
Ora, ainda que se possa dizer que o professor constrói individualmente seu rol de conhecimentos úteis para o ensino aprendizagem, devemos afirmar que a formação específica do professor, em um conteúdo único é profundamente limitante. Isso se dá porque, durante a aprendizagem do oficio de professor, o docente constrói sua auto imagem colada a área de conhecimento. Essa construção acaba por reduzir sua função social, ou seja, um professor de matemática dificilmente irá pesquisar e ensinar acerca de microorganismos, mesmo que seus alunos se queixem continuamente de diarréias e afirmam morar em áreas sem saneamento. Não que o professor seja o responsável por todos os problemas dos alunos, mas ele é o cientista mais próximo, aquele que pode fornecer subsídios para solucionar problemas desse gênero.
Daí a importância de abandonar a postura “não mexam no meu conteúdo”. Abandonar essa postura implica e conviver com o medo constante de perder sua identidade de professor desta ou daquela área de conhecimento. É preciso que o professor compreenda que existe vantagens em ser interdisciplinar.
Ser interdisciplinar não é algo que se aprende em um dia, é algo que deve atingir a essência e ficar arraigado no professor. Ele precisa ser inteiramente convencido que esta é a forma mais vantajosa de lidar com o conhecimento. Nessa medida o trabalho com projetos é a maneira mais rápida de se construir um modo de ser interdisciplinar. Um projeto surge para resolver um problema real que o individuo ou um grupo de indivíduos vivenciam. Nessa medida o alvo seria a resolução do problema e não o ensino dos conteúdos em si mesmos. Para solucionar, por exemplo, um problema de adolescentes grávidas sem planejamento em uma escola, seria necessário recorrer a conhecimentos biológicos, psicológicos, estatísticos, históricos, químicos, éticos, médicos etc. O projeto implicaria em planejar o ensino de forma que todo conhecimento e toda a informação existente acerca do assunto venha a contribuir para que as adolescentes passem a refletir sobre suas relações e a planejar quando estarão maduras para engravidar.
Diante desse tipo de problema o professor interdisciplinar tem claro que o mais importante no ensino é levar ao aluno todos conhecimento universalmente produzidos, se utilizando deles para superar problemas cotidianos. O professor de área pode até produzir bons resultados com um ensino disciplinar, porém ele trabalha de forma menos articulada com os problemas de seus alunos, uma vez que atira no escuro, não pergunta, não questiona e não produz respostas específicas as situações cotidianas de seus alunos.
A vivencia da solução de um problema através de um trabalho interdisciplinar é o que produzirá no professor a mudança estrutural. Com a observação dos resultados de um projeto bem sucedido o professor se sente mais seguro para mudar sua metodologia de disciplinar para interdisciplinar. Esse vivência cria a possibilidade de romper com as grades do currículo e das disciplinas.
A educação brasileira tem no entanto o hábito de se apropriar de forma manca de novas propostas pedagógicas e a versão de projetos de trabalhos que temos encontrado nas escolas é um arremedo simplificado que implica em apresentações paisagísticas e isoladas. Não que nossos profissionais sejam incompetentes, são até muito competentes por sinal. O problema e que diante do medo do novo eles acabam associando à proposta aquilo que já conhecem, o trabalho disciplinar. Os projetos acabam não tendo nenhuma relação com a proposta político pedagógica e escola e nem com os problemas dos alunos. É um tal de projeto animais, projeto folclore, projeto água, sem nenhuma articulação com a missão e com a filosofia da escola. Acaba-se fazendo o que se fazia antes o ano inteiro, só que agora através de projetos. Basta pedir ao aluno para escrever em uma cartolina e prender no pátio. E para ficar mais bonito coloca-se papel crepom em volta.
Cadê a resolução de problema, cadê o sonho e a solução de uma necessidade. Trabalhar projeto assim é apenas enfeitar de flores as grades do currículo.
Esse artigo foi escrito com o objetivo de convidar os professores a arriscar, mexer em seus conteúdos, lançar um olhar no futuro para perceber que tudo mudou, apenas a escola não mudou. O jovem já aprende de forma diferente. Para observar isso basta ver um adolescente ouvindo música, lendo uma revista, navegando na internet, brigando com a irmã, tudo ao mesmo tempo. A quantidade de informação também aumentou muito, e a forma como o conteúdo é ensinado hoje dificulta ao aluno lidar com esse volume pois na escola se ensina a validar conhecimentos, mas não ensina a questiona-los. Alguém que abra uma página de busca na web acerca de cristianismo por exemplo, poderá achar desde informações religiosas sectárias (espiritismo, evangelismo etc.) até movimentos anticristianismo. Como a escola tem preparado os alunos para separar o conhecimento que é válido da informação que é apenas ruído?
Espero que muitos aceitem o convite para quebrar as grades.
Razões de Ser

Crio aqui a possíbilidade de falar em educação e de publicar o que penso. Não crio um blog chamado " Norma da Educação"- Escrituras para apenas reafirmar temáticas normatizadas, oficializadas.
Trata-se de mas uma possibilidade de falar o novo que pensamos acerca de educação, sobre como a educação escolar poderia vir a ser. Desejo falar também do poético que há em mim.
É uma maneira de dizer que eu, constituida como mulher, profissional e mãe, tenho minha identidade firmada como educadora e como poeta.





Norma de Souza Lopes